quarta-feira, 15 de abril de 2020

Na prática qual a diferença entre CAPEX e OPEX?


CAPEX vs. OPEX: qual a diferença na prática?

Neste artigo já apresentamos os dois conceitos e a diferença entre eles. No entanto, na prática pode ser um pouco mais confuso. Por isso, elaboramos o seguinte exemplo: imagine que a sua empresa tem um projeto bem desenhado e com boa expectativa de retorno. O prazo de duração é de 12 meses.

O principal custo desse projeto é referente à mão de obra e à manutenção das máquinas, que são despesas operacionais. No entanto, para iniciá-lo, foi necessário adquirir uma nova sala e mais equipamentos para os colaboradores contratados. Essas são despesas de capital e, por isso, são fixas e impactam imediatamente a parte financeira.

Já os gastos de operational expenditure são variáveis, porque é impossível saber quando será necessário fazer a manutenção de um equipamento ou o reparo da sala. Fica evidente, então, que as despesas operacionais são continuamente geridas e apresentam um componente inconstante.

Para compreender melhor, é preciso analisar cada aspecto separadamente:

OPEX
Esse índice pode trazer economia de capital para a organização, principalmente porque é possível fazer a dedutibilidade tributária do gasto. É o caso dos serviços terceirizados. Por exemplo: será necessário adquirir novos computadores para um determinado projeto. O custo da compra das máquinas é de R$ 45 mil. No entanto, é possível locar os equipamentos a um preço reduzido e que contempla manutenção.

Esse valor é inserido no balancete da empresa como custo ou despesa? No segundo caso é dedutível da apuração do lucro real, o que reduz o total de impostos pagos e ajuda a manter a saúde financeira da empresa.

Outra questão relevante é que todos os itens adquiridos para o seu negócio depreciam, mas isso não acontece com o operational expenditure, porque os produtos são renovados assim que o contrato é finalizado. Afinal, é um serviço terceirizado e que desconsidera os custos com defasagem tecnológica.

A vantagem é que a sua empresa mantém o seu capital e o montante pode ser utilizado para outra finalidade. Por outro lado, os contratos costumam ser de longo prazo, o que exige mais planejamento.

CAPEX
Nesse caso, o investimento é empregado nas operações empresariais. A depreciação acontece de acordo com a previsão da duração. Os recursos são mais significativos e podem descapitalizar — pelo menos parcialmente — a empresa, o que significa que outros desembolsos poderão ser prejudicados.

Isso porque a empresa precisará adquirir o equipamento e ainda tomar conta da manutenção e mão de obra. O benefício para a empresa é que se torna possível comprar ou aprimorar os ativos imobilizados, ou seja, os bens tangíveis exigidos para o funcionamento organizacional. Além disso, a vida útil dos itens ultrapassa o exercício em que o investimento ou a compra ocorreu.

Perceba que o ativo imobilizado representa o efetivo do patrimônio da empresa. Esses itens são analisados para a definição do valor de mercado da companhia. Portanto, o capital expenditure traz mais representatividade para a organização e, com isso, ela pode elevar o seu market share por se destacar da concorrência.

Qual metodologia você deve escolher?

Essa é uma pergunta difícil de ser respondida, porque requer a consideração do cenário atual da empresa e as peculiaridades do projeto. É necessário adequar e conhecer os gastos da empresa a partir de um conhecimento aprofundado dos desembolsos com capital.

Uma situação muito comum é que as empresas são limitadas em relação ao total de capital expenditure a que podem ter acesso, seja por credores privados, seja pelo mercado. A restrição desse tipo de investimento ocorre principalmente quando há crise financeira no mercado.

Assim, as organizações costumam direcionar os investimentos para atividades que gerem receita. Por isso, tende a haver uma preferência maior pelo aluguel ou outsourcing ao invés da compra, porque essa é uma maneira de evitar a imobilização de capital.

Um exemplo simples dessa situação é a adoção do formato Infrastructure as a Service (IaaS). Nesse modelo, toda a infraestrutura do negócio é inserida na nuvem híbrida — ou na comum, mas a primeira é mais segura — e os recursos são pagos totalmente como serviço, não como produto.

Uma das transformações proporcionadas por esse modelo é a eliminação de servidores locais, que passam a ser operados na nuvem. Os benefícios dessa prática são maior escalabilidade, facilidade de manutenção, redução de gastos, e aumento da portabilidade e da flexibilidade. Também é importante observar que no IaaS as despesas de capital se transformam em operacionais, porque se referem aos serviços na nuvem.

Assim, fica evidente que as diferenças entre capital e operational expenditure são muitas. Por isso, a escolha para o seu negócio deve recair a partir da avaliação de como cada despesa se enquadra nos objetivos e metas de crescimento projetadas para a companhia.

Para facilitar a sua análise, vale a pena atentar a 3 pontos indispensáveis para a sua escolha:
  • capacidade de executar o projeto com/sem investimento imobilizado, a fim de definir se é possível usar serviços de terceiros ou se é obrigatório realizar investimentos;
  • projeção de custos, receitas e despesas do projeto, inclusive impostos e gastos para fabricação, compra ou prestação de serviços e despesas operacionais. O intuito é avaliar a capacidade de geração de lucro por meio do confronto entre esses itens;
  • previsão do prazo de duração do investimento realizado. Nesse momento, vale a pena questionar qual é a meta organizacional da empresa, porque a receita pode surgir muito tempo após a despesa e isso requer um cuidado maior com o fluxo de caixa.

Esses 3 pontos ficam interligados quando você faz a avaliação a partir dos dados de custos e receitas, bem como de suas projeções. Desse modo, consegue-se quantificar o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) tanto do capital quanto do operational expenditure.

Por fim, é preciso considerar o payback (tempo de retorno do investimento) de cada uma das alternativas. De modo geral, as vantagens de optar pelas despesas operacionais são a aplicação total do dinheiro nas operações da empresa e a consequente elevação do valor de mercado. Por outro lado, há mais encargos financeiros e custo de oportunidade do capital investido, que tende a requisitar um retorno rápido, apesar de isso nem sempre ser possível.

Já com o operational expenditure inexiste investimento, mas há desembolsos. O lado positivo é que a empresa economiza, porque paga somente pelo tempo que usar o item e ainda existe a dedução das despesas. O negativo é que essa prática pode ocasionar uma elevação dos gastos que poderia ser quitado pela aquisição do produto ou serviço com o passar do tempo.

Resumindo, os fatores que devem ser considerados na sua escolha são:
  • fluxo de caixa;
  • custos operacionais, de oportunidade e financeiro;
  • economia fiscal;
  • vínculos contratuais;
  • ciclo de vida do projeto.
Para isso, é recomendado fazer uma avaliação da estrutura de capital, exigências do mercado para cada tipo de organização, endividamento, risco do empreendimento, imobilização de capital, situação tributária e relacionamento com os fornecedores.

Na prática, os impactos das modalidades ocorrem em relação a:
  • patrimônio: o capital expenditure imobiliza os ativos e o operational os reconhece durante o projeto;
  • fluxo de caixa: as despesas de capital apresentam saída significativa e pode agregar o custo de oportunidade do capital investido. Já as operacionais representam um desembolso mensal;
  • lucro: o capital expenditure apresenta lucro maior, porque o operational impacta os resultados periódicos;
  • economia tributária: as despesas operacionais são dedutíveis e possuem maior representatividade em relação à depreciação e custo de oportunidade quando comparadas ao capital expenditure.

O cuidado que se deve ter no momento de fazer essa escolha é a vinculação dos dados ao indicador Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. Mas o que é EBITDA? Esse índice avalia quanto a empresa gera com suas atividades operacionais, desconsiderando investimentos financeiros, impostos e empréstimos. Em outras palavras, avalia a geração operacional de caixa.

De quebra, a análise do EBITDA permite avaliar a eficiência e competitividade organizacional, principalmente na comparação anual e com a concorrência. Justamente por isso, a adição do capital expenditure a esse indicador no cálculo do fluxo de caixa livre é um erro porque eleva o indicador artificialmente.

Tenha em mente que as despesas operacionais devem ser sempre encaradas como desembolsos de investimentos e, por isso, são subtraídas do EBITDA. Ao cometer essa falha, você fará uma apuração errada do valor justo, o que pode influenciar sua escolha e fazer a sua empresa perder dinheiro e oportunidades.

Fonte: Meu Positivo

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